A linha editorial que ama a nona arte.

Após a Segunda Guerra Mundial, uma sucessão de eventos sobrenaturais se espalhou em uma Alemanha devastada. Um curandeiro messiânico alcançou fama extraordinária, grupos de oração realizaram exorcismos, multidões viajaram para testemunhar aparições da Virgem Maria, pessoas acusaram vizinhos de bruxaria. O que uniu esses eventos, na esteira do Holocausto, foi uma preocupação generalizada com o mal.

Embora muitas histórias enfatizem a rápida transição da Alemanha de uma ditadura genocida para uma democracia liberal, Uma Terra Assombrada por Demônios: Bruxas, Doutores Místicos e Fantasmas do Passado na Alemanha Pós-Segunda Guerra Mundial, da premiada historiadora Monica Black, mostra a desconfiança tóxica, a profunda amargura e o mal-estar espiritual que se desenvolveram junto com o milagre econômico. Com base em materiais de arquivo inéditos, Black argumenta que o surgimento de obsessões sobrenaturais resultou da culpa e da vergonha não ditas de uma nação conhecida pelo seu silêncio sobre o nazismo.

A questão central da história do país pós-1945 é como os alemães se lembraram de sua cumplicidade com o genocídio e a ditadura racial. Após uma violência sem precedentes, até mesmo os observadores mais atentos acreditavam que os alemães haviam permanecido inalterados por essas experiências. Como Hannah Arendt escreveu ao retornar à sua terra natal em 1949, em nenhum outro lugar o pesadelo do passado recente foi “menos sentido e menos comentado do que na Alemanha”. No entanto, sob a superfície, ansiedades imprecisas se agitavam contra o pano de fundo consumista dos anos 1950.

Uma Terra Assombrada por Demônios mergulha na história social e cultural para analisar como o conhecimento, a autoridade, a confiança e a moralidade se entrelaçam no mundo social. Se é possível dizer que a sociedade é composta por um conjunto de ideias comuns sobre como o mundo funciona, o que acontece quando as condições que possibilitaram esse consenso deixam de existir?